Feng Shui, a sabedoria milenar que deixa sua casa em equilíbrio e paz
A casa é nosso cantinho sagrado, nosso pit stop preferido depois de um dia daqueles, um porto seguro. E com todas essas merecidas honras, nada mais importante do que mantê-la harmônica. Já percebeu que tudo na vida é uma questão de dosagem, equilíbrio e ponderação? Não é diferente com o lugar onde moramos. Para que o nosso corpo e mente funcionem bem, é importante que cada cômodo da nossa casa também esteja bem, em equilíbrio com os demais e com nós mesmos. É o que ensina a sabedoria chinesa milenar Feng Shui.
Feng é vento e Shui é água, mas os chineses costumam dizer que essa filosofia vai muito mais além do que as palavras. O vento remete ao ar, elemento vital, sopro de vida sem o qual não sobrevivemos. Enquanto a água é o líquido mais precioso, sem a qual também não há vida. Segundo a filosofia, são cinco - terra, fogo, metal, madeira e ar - os elementos fundamentais que garantem o equilíbrio. Mas o que nutre todos esses elementos, manifestando-os, é o Chi, que, apesar de não ter uma tradução exata para o português, significa energia. "O Chi é a energia universal da vida, que está por toda a parte e precisa circular no ambiente para deixá-lo harmonioso", explica a especialista em Feng Shui, Cintya Rajhy.
pit stop preferido depois de um dia daqueles, um porto seguro. E com todas essas merecidas honras, nada mais importante do que mantê-la harmônica. Já percebeu que tudo na vida é uma questão de dosagem, equilíbrio e ponderação? Não é diferente com o lugar onde moramos. Para que o nosso corpo e mente funcionem bem, é importante que cada cômodo da nossa casa também esteja bem, em equilíbrio com os demais e com nós mesmos. É o que ensina a sabedoria chinesa milenar Feng Shui.
Feng é vento e Shui é água, mas os chineses costumam dizer que essa filosofia vai muito mais além do que as palavras. O vento remete ao ar, elemento vital, sopro de vida sem o qual não sobrevivemos. Enquanto a água é o líquido mais precioso, sem a qual também não há vida. Segundo a filosofia, são cinco - terra, fogo, metal, madeira e ar - os elementos fundamentais que garantem o equilíbrio. Mas o que nutre todos esses elementos, manifestando-os, é o Chi, que, apesar de não ter uma tradução exata para o português, significa energia. "O Chi é a energia universal da vida, que está por toda a parte e precisa circular no ambiente para deixá-lo harmonioso", explica a especialista em Feng Shui, Cintya Rajhy.
Cozinha: É o coração da casa! Isso porque, tradicionalmente, o forno / fogão simboliza a sede das riquezas da família. No Oriente, por exemplo, é uma questão de honra ter sempre um bom estoque de mantimentos. Além disso, na China, o fogão que tiver a maior quantidade de bocas é o das famílias mais prósperas. Por isso, a atenção nesse cômodo é voltada para o fogão.
Quem cozinha não deve ficar de costas para a porta, mas, se não tiver jeito, a solução é colocar um espelho que a reflita, renovando a energia e multiplicando a prosperidade e a saúde. Outra forma de renovar a energia do ambiente é ter maçãs e laranjas fresquinhas na fruteira. Pequenas plantações de ervas também são úteis e benéficas.
O que não é bem-vindo aqui e nem no resto da casa é lixo! "Recomendo as lixeiras pequenas, porque assim somos obrigadas a jogar o lixo fora com mais freqüência. Na minha casa, aboli as latas de lixo grandes na cozinha", conta Cintya Rajhy. Para as paredes do cômodo, a cor branca é ideal porque é neutra. Ela pode, inclusive, ser usada em todas as paredes da casa, desde que haja quadros coloridos pendurados. Mas, se você quiser engordar, aí a cores ideais para a cozinha são: amarelo, laranja e vermelho, que estimulam o apetite. Já prestou atenção nas cores dos fast-foods? Pois é, muito vermelho para estimular a comilança!
A cozinha, segundo o Feng Shui, deve ser um espaço de muito amor. "Mesmo quem não gosta de cozinhar, deve reservar um tempinho para esse cômodo, muitas vezes esquecido", diz Cintya Rajhy. Se você é fã do preparo de quitutes e vê a cozinha como um lugar sagrado, ótimo, já tem um ponto a seu favor!
Quartos: Outro cantinho superimportante da casa! É lá que passamos, em média, oito horas por dia, quando dormimos ou relaxamos! Portanto, o local deve ser acolhedor e calmo. Nos quartos, evite espelhos de frente para a cama - a não ser que você esteja querendo apimentar a relação com o parceiro. "Eles ativam a energia do ambiente, tornando-o mais agitado. É por isso que os motéis usam e abusam de milhares!", explica Aline Mendes. Mas certifique-se de que, na hora de dormir, os espelhos estejam cobertos, para restabelecer a calma no ambiente. Prefira as cores pastéis, mas, se você quiser ativar a sexualidade, pincele a cor vermelha pelo quarto, em almofadas, velas, quadros e tecidos.
Posicione a cama de forma que ela não fique diretamente em frente à porta. Se possível, coloque-a no canto que aponta para o norte ou leste da casa. "É bom que a cama não fique entre uma porta e uma janela, porque senão ela fica no meio de um fluxo de energia muito intenso. Mas, se não tiver jeito, mantenha sempre a porta ou a janela fechada", afirma Aline Mendes. E muito cuidado com a cabeceira! Ela não pode estar encostada em uma parede por onde corre tubulação de água e esgoto, porque isso pode provocar desequilíbrios na saúde.
No quarto das crianças, beliches devem ser abolidos, porque criam Shar, energia negativa. Quem está em cima, fica comprimido pelo teto, ao passo de que quem está embaixo fica imprensado pela cama de cima. Utilize bicama e nunca a deixe "solta" no meio do quarto - é importante ter uma cabeceira. Evite cores quentes no quarto das crianças porque elas provocam agitação. Já no quarto dos adolescentes, a dica é não usar pôsteres e quadros que remetem a figuras desarmônicas, como caveiras.
Tanto no quarto do casal como no das crianças, evite colocar aparelhos eletrônicos, como televisão e computador, porque eles emitem energia eletromagnética que desarmoniza o ambiente. Mas se você não quiser se desfazer deles, cubra-os com panos grossos e desligue-os da tomada na hora de dormir. O mesmo vale para o celular. "Se você o utiliza como despertador, procure mudar de hábito. Um despertador das antigas é muito mais saudável, mantenha o celular desligado!", aconselha Aline Mendes.
Banheiros: Banheiros e lavabos sugam a energia da casa. Por isso, convém manter a porta sempre fechada e, até por questão de higiene, Aline Mendes aconselha fechar a tampa do vaso quando for dar descarga. Cintya Rajhy também tem algumas dicas: ela recomenda utilizar um espelho convexo no cômodo e colocar um potinho com pedra preta, como o ônix, perto dos ralos.
Recomendações gerais
"Devemos cuidar para que os locais onde permanecermos por muitas horas, como cama, cadeira do escritório e sofá, estejam posicionados de forma que possamos ver a porta de entrada do cômodo e a janela", diz Maria Teresa Saldanha, do IBFS. Além disso, é essencial que a casa seja muito bem iluminada e arejada - o que não significa ventos que derrubam papéis e batem portas. Se a luz natural não for suficiente, pode-se corrigir a deficiência com lâmpadas artificiais. "Nas janelas, coloque jardineiras", ensina Maria Teresa.
Flores, aliás, são muito bem-vindas em praticamente todos os cômodos, porque estimulam a circulação do Chi e repelem ou absorvem a negatividade do ambiente. Já as fontes de água, como cascatinhas, aquários, jarros ou tigelas com água podem ajudar a trazer riqueza e fartura. Evite, a todo custo, as vigas expostas, porque elas afetam o fluxo da energia boa no ambiente e podem prejudicar a sua saúde. A solução, segundo especialistas, é escondê-las - rebaixe o teto ou utilize a luz para dispersar o efeito de quina pontiaguda. Se preferir, pendure flautas de bambu.
A limpeza é outro quesito de extrema importância na casa. Para não se perder na sua própria bagunça e nem desviar a energia positiva da sua casa, cuide da organização e limpeza de todos os cômodos. "Não deixe que objetos e compromissos se acumulem sem função ou solução", alerta Maria Teresa. Mas, atenção! Sabe aquele jogo de chá lindo de morrer ou aquela coleção de taças de cristal maravilhosas herdados da sua avó? Não se desespere! Apesar de o Feng Shui condenar objetos velhos em casa, ele não abole as relíquias! É preciso apenas que os objetos tenham função. Se algo estiver servindo para enfeitar, pronto. Mas se você guarda milhões de papéis inúteis, objetos quebrados ou "peças misteriosas" dentro das gavetas, trate de se livrar de toda essa quinquilharia! Segundo Maria Teresa, um ambiente desobstruído permite o bom fluxo do Chi, beneficiando as pessoas e sua própria sorte.
Não existe, porém, a casa ou apartamento perfeitos do ponto de vista do Feng Shui. "Sempre vão existir ajustes, porque todas as coisas estão permanentemente em processo de mutação. As necessidades das pessoas mudam com o passar do tempo", frisa Maria Teresa Saldanha. Ela defende que todas as idéias estáticas e "paradas no tempo" devem ser repensadas, porque a harmonia do lar depende, principalmente, de você e da sua família.
Bolsa de Mulher
Exemplos de uso:
FOTOS: CÉLIA MARI WEISS
O antigo canto da churrasqueira agora é um estar no jardim. As telhas de barro foram substituídas por placas de vidro, mas a florida lágrima-decristo se manteve intacta.
O biombo chinês de 1920 ganhou placa de vidro jateado onde o proprietário desenhou uma libélula.
SÍMBOLOS, TRADIÇÕES E SURPRESAS
A luz natural vem do jardim e se espalha pela casa toda, realçando ainda mais a beleza das peças chinesas que compõem a decoração dos ambientes. É impossível chegar e sentar. Não, antes é preciso dar um giro pela sala, admirar de pertinho as cenas do paraíso que decoram o painel atrás do sofá e os entalhes dos móveis, sem falar nas delicadas miniaturas, prontas para serem descobertas pelos que se aventuram a abrir as gavetinhas da antiga farmácia caseira. A casa é o sonho realizado de um artista plástico, que começou a tecê-lo há alguns anos, quando foi cursar em Londres, Inglaterra, uma pós-graduação em arte asiática. “Apaixonei-me perdidamente pela simbologia chinesa e resolvi abrir uma loja em São Paulo para vender e divulgar a riqueza de seus manufaturados”, diz. Assim, ele visitou regularmente a China. As peças eram escolhidas com critério. “Como tudo que os chineses fazem tem um potencial energético, meu foco foi para objetos de bom augúrio. Por exemplo, nunca comprei itens ligados à guerra ou ao dinheiro estritamente, cujas vibrações não são legais.”
Os chineses são vidrados por miniaturas, e cada vez que o dono desta casa passeava pelos mercados desse país, não resistia à tentação de comprar uma peça. Assim, reuniu de bonequinhas de cerâmica a caixas de metal, tudo guardado nas gavetas do móvel de madeira com ferragens de zinco, usado originalmente para guardar ervas e chás. Repare na sala: capitéis de madeira portugueses ladeiam um molde de pedra francês (garimpados nos países de origem) e convivem com outros itens chineses – cadeiras de madeira curvada, imagem de Buda de latão e pagodesde porcelana.
Por três anos, o artista levou essa vida, indo e vindo de cidades como Hong Kong, Xangai e Pequim. Por lá, não só abastecia o estoque de sua loja mas também se aprofundava nos conhecimentos sobre o feng shui. “Li muito sobre o assunto, conversei bastante com os chineses a respeito e cheguei à conclusão de que o mais importante na harmonização é respeitar nossa intuição e sensibilidade”, conta. E foi assim que ele escolheu esta casa para morar. “Vim para cá porque fechei minha loja e precisava de uma casa maior para trazer os móveis que tinham sobrado, além de montar o meu ateliê”, explica. A procura demorou um ano, contabilizando mais de 60 imóveis, até o moço descobrir o que queria. “Quando entrei na sala, fui inundado por uma sensação de bem-estar. A luz natural vinda das amplas janelas assegurava um ótimo fluxo de energia. Havia ainda símbolos da cultura chinesa que tinham tudo a ver comigo. No banheiro, os azulejos mostravam uma linda pintura de cerejeira florida, a árvore ícone da China. Canteiros de bambu (uma planta que simboliza para os orientais o valor da flexibilidade) enfeitavam o jardim. E os pisos eram de ardósia, um material comum nas residências chinesas do século 19. Não tive dúvida em fechar o negócio.” O novo endereço somava outras vantagens. Em seu antigo apartamento, ele nunca conseguiu ter uma mesa grande para reunir amigos e parentes. Agora, uma peça de demolição de dez lugares, comprada em Embu das Artes, São Paulo, faz sucesso na sala de jantar, que é integrada à cozinha.
Com uma pintura de cerejeira florida, os azulejos do banheiro foram preservados. “O trabalho é muito bem feito. Pena que o artista não assinou a obra”, fala o dono da casa.
Já o piso mudou. Inspirado num restaurante de Hong Kong, recebeu seixos de rio até mesmo dentro do boxe. “Assim, logo de manhã, descalço, massageio os pés”, diz ele.
Cozinha e jantar ficaram juntos e os tijolos receberam pátina à base de cal. “Aprendi com o feng shui que poucas paredes e cores claras contribuem com a circulação da energia”, diz o artista. Foi idéia dele o patchwork de ladrilhos hidráulicos – na verdade, o mostruário de uma fábrica de Embu, em São Paulo. Da mesma cidade vieram a mesa de madeira de demolição e as cadeiras caipiras.
DIÁLOGO ENTRE A ESTÉTICA CHINESA E O RÚSTICO CAMPESTRE
A decoração segue o mesmo princípio da percepção pessoal. “Não usei o ba-guá. Distribuí os móveis de maneira a deixar livres os caminhos.” Tudo tem histórias deliciosas, que rendem longos papos com os amigos. Bons exemplos estão na escada: a treliça de madeira na parede, com um desenho conhecido por gelo quebrado, é um fragmento usado nas janelas orientais. “No inverno, folhas de papel de arroz são adaptadas para impedir o vento”, conta o proprietário. A tampa do alçapão, de madeira laqueada, é um amuleto de boa sorte oferecido pelos chineses no ano-novo. Já as lanternas são típicas das varandas e dos jardins das casas populares daquele país. Outro objeto atraente é o Buda de latão e bronze que protege a sala. “Para os chineses, imagens budistas simbolizam a plenitude. Gosto de admirar seu olhar sereno, que me traz paz.” Também graciosos são os pagodes de porcelana do tipo blanc de chine. O dono da casa ensina que essas peças são usadas nos templos budistas para guardar as cinzas dos monges mortos. De acordo com aquela cultura, elas devem sempre ter um número ímpar de andares. Vale destacar ainda a barca de osso talhado, uma representação primorosa do Imperador do Céu e sua corte. E assim cada coisa tem algo para contar. É como dizem os chineses: as peças também têm alma, têm o seu ch’i, a mesma energia vital encontrada nos homens.
Peças facilmente encontradas nas casas populares chinesas. Ao lado, itens mais sofisticados. O divã antigo de madeira traz símbolos chineses entalhados. Entre eles, cachorros, ligados à fidelidade, e peixes, que representam a riqueza. O colchão de seda foi executado pela Futon Company e acompanha o mesmo tecido das almofadas orientais. A estante, própria para miniaturas, expõe os 12 signos do zodíaco chinês. Já o barco de osso é uma reprodução da divindade conhecida por Imperador do Céu.
Revista Bons Fluídos